Hoje, de Miriam Alves
Explodo os espaços
quero estar só.
Não nasci pra ser sozinho
escorro pelos vãos
dos meus dedos.
Saio em gotas
percorrendo as filas
das multidões
que se procuram.
Arrebento as trincheiras.
Transformo-me em alicate
corto as cercas de arame farpado
que espetam os abraços
do encontro.
Reteso a dor
barras de chumbo
transformo-me em martelo
arrebento a tristeza
nas pancadas do meu sorrir.
Viro-me no chão
feito cobra elétrica.
No choque das vibrações
organizo uma ciranda
estranha que agigantando
rasga o ventre da liberdade
fazendo nascer
um novo hoje
O novo hoje está nascendo. Hoje, no entanto, nos reunimos para relembrar as batalhas de ontem. O abraço dado em meio aos arames, enchentes, apagões. A ciranda entre revoltas e choros. Tudo isso acontece aqui, tudo isso se viveu neste dois mil e vinte e quatro.
Criaturas de memórias somos, escrevendo para não esquecer.
Retrospectiva 2024, mais um ano de vida. Lá vamos.
Reforma da livraria
Pedra, pó e tábuas de madeira. Esse foi o começo do ano na livraria, com a reforma que demorou para acabar. O tempo é tão curioso que já estamos, um ano depois, preparando ainda outra reforma — ano que vem tem nova seção infantil na Ponta!
Nova livreira felina
Lá em fevereiro, recebemos a primeira visita de muitas da Loui, gata vizinha da queridíssima Mari Godoy, que zelam pela livraria no andar de cima, sempre com muita ternura.
Dia Mundial da Poesia com a Editora 34
Dia 21 de março, recebemos o convite da sempre surpreendente Editora 34 para acolher grandes nomes da poesia brasileira numa noite de muito calor, muita cerveja e, claro, muitos poemas. Ficou guardado na memória.



Editora Ponta de Lança
Nasceu, enfim! Um sonho antigo do Bruno e do Diego, guardado dentro e carregado junto com cada caixa de livro. Esse ano, as caixas tinham o selo Ponta de Lança. Já lançamos três títulos: Da Arte de (se) Orientar [para Pós-modernos e Geração Z], de Jean Pierre Chauvin, Muambas, de Marcia Juliana Santos e O passado e o futuro da moeda sem face, de Noenio Spinola.
Latas ilustradas do Café da Ponta
Guardam os melhores grãos, os afetos mais caros, os traços mais vivos. A Ponta não existe sem o café e, ouso dizer, o café não existe sem as latas. Adornam nossa vitrine junto com os livros, mistura de materialidades e histórias.
Festa Junina na Ponta
Uma noite com muita comida e dança, do forró ao disco. E quem queria comprar livro às oito da noite de uma sexta-feira, recebeu um atendimento dançante (talvez, o melhor atendimento que se pode ter).
Entre uma bebida e outra, novas amizades surgiram e as antigas, se estreitaram. Celebramos com os amigos da livraria, aqueles que amam e acreditam nesse espaço assim como nós, que estão aqui semana sim, semana não (ou melhor, dia sim, dia não… ou dia sim e dia sim também!). É essa comunidade que mantém a Ponta viva. Sem eles, essa festa e nenhuma outra seria possível.
Clube de leitura de A mais recôndita memória dos homens, com o tradutor Diogo Cardoso
Finalista do Jabuti com sua tradução do romance de Mohamed Mbougar Sarr, Diogo nos encantou com seu relato dos meses em que passou mergulhado na obra do senegalês. O livro nos tomou por completo, e Diogo também.
Igiaba Scego na Ponta
Igiaba dispensa comentários. O sorriso mais bonito que já agraciou esse espaço. Fizemos uma newsletter especial sobre visita na livraria, só clicar aqui para ler.
Três anos de Ponta
Convite de Li, Tom e Ju. Música de Ju e Baru. Luzes de Ana e Fe. Dança de todo mundo. Que noite boa foi aquela, celebrando essa extensão de nós mesmos que chamamos de Ponta de Lança.
Cinema na Ponta
No começo de dezembro, fizemos as primeiras sessões do que promete ser a alegria dos domingos de 2025, o Cine Corta da Ponta. No salão do Osvaldo, porta ao lado da nossa, levantamos um projetor, arrumamos as cadeiras e assistimos filmes selecionados pelo Paulo, livreiro da casa.
Colocamos aqui somente alguns dos nossos momentos favoritos do ano. Mas abertos de segunda a segunda, é impossível escrever sobre todos os dias bons que passamos na livraria. Por isso, fechamos o último boletim do ano com uma pergunta: qual a sua memória favorita na Ponta em 2024?
Feliz ano novo!
Feliz em ter conhecido vocês neste ano!