Hoje, falaremos da arte dramática e de seus efeitos.
Sófocles é igualado a Homero por Aristóteles, pois ambos representam homens virtuosos, enquanto Aristófanes recebe essa comparação com base na imitação de pessoas em movimento, em atuação. E é aí que nasce o drama: a imitação de seres em ação.
E que a tragédia não é a imitação dos homens mas das acções e da vida [tanto a felicidade como a infelicidade estão na acção, e a sua finalidade é uma acção e não uma qualidade: os homens são classificados pelo seu carácter, mas é pelas suas acções que são infelizes ou o contrário]. Aliás, eles não actuam para imitar os caracteres mas os caracteres é que são abrangidos pelas acções. — Poética, de Aristóteles [p. 49, 2008, trad. Ana Maria Valente].
Essa imitação da vida está presente nos livros desta edição, que organizam tais ações humanas em busca do maravilhamento. E, com isso, inauguramos nossa semana da dramaturgia na Ponta, com duas newsletters com seleções especiais de livros que abordam o tema, uma mesa sobre dramaturgia na livraria e um evento de dramaturgia que vai rolar esta quarta-feira, dia 17/04, às 19h — mais detalhes no fim do post!
E agora, para os livros…
Crônica, Folhetim, Teatro - Acervo 4, de João do Rio
João do Rio foi o pseudônimo mais famoso de Paulo Barreto (1881-1921), um dos autores mais conhecidos – e controversos – do início do século XX no Rio de Janeiro. Cronista prolífico, ele também foi crítico de arte, escreveu romances, ensaios, contos, peças de teatro, conferências sobre dança, moda, costumes, política. Crônica, Folhetim, Teatro reúne uma seleção de crônicas, reportagens, contos ficcionais, entrevistas, peças, sainetes, folhetins e artigos produzidos entre 1899 e 1919. Boa parte dos textos nunca saiu em livro, apenas nos jornais – que permaneceram mais de 100 anos guardados em arquivos e bibliotecas. Até mesmo os romances e crônicas que o próprio autor editou em livro estavam há décadas fora de catálogo.
O escritor que conquistou uma vaga na Academia Brasileira de Letras aos 29 anos era um personagem de múltiplas facetas. Usou sua pena para denunciar a miséria, foi porta-voz do povo humilde, que não tinha espaço na imprensa. Inovou ao deixar a redação do jornal e ir para a rua, subir o morro e percorrer os subterrâneos da cidade, para revelar a seu leitor um Rio de Janeiro desconhecido. Ao mesmo tempo, acompanhando as transformações da capital, que vivia, naqueles primeiros anos de República, a fase de sua Belle Époque, João do Rio foi também o cronista dos salões e recepções elegantes da alta roda – a elite que tentava se sofisticar e imitar os estrangeiros.
João do Rio percorreu o mundo, colecionou admiradores e desafetos. Gordo, mestiço e homossexual, vestia-se como um dândi – com, por exemplo, um fraque verde combinando com a bengala, cartola e monóculo. Vítima de um ataque cardíaco que o impediu de completar 40 anos, ele deixou 25 livros e mais de 2.500 textos publicados em jornais e revistas.
Teatro completo IV: As Troianas, Ifigênia em Táurida, Íon, de Eurípides
A fumaça de Troia mal sobe aos céus e já suas esposas, mães e filhas são partilhadas entre o exército grego, destinadas a servir a este ou aquele guerreiro. Poucas obras da literatura ocidental têm a carga reflexiva e emocional de As Troianas, de Eurípides, encenada em 415 a.C., e reescrita e reencenada desde então numa prova de sua inexaurível atualidade. Jean-Paul Sartre viu nela uma denúncia veemente de todo poder colonizador; outros a tomam como a peça que dá voz aos oprimidos, encarnados nas magistrais figuras femininas de Hécuba, Andrômaca e Cassandra.
Ifigênia em Táurida e Íon, as duas peças que também integram este volume de traduções e ensaios de Jaa Torrano, põem em relevo o caráter ambíguo das relações familiares, quando sobre elas incide a ação dos Deuses. Na primeira, Ifigênia, jovem sacerdotisa de Ártemis, deve sacrificar todos os estrangeiros que aportam em Táurida, sem saber que um deles é precisamente seu irmão Orestes. Em Íon, a contradição está instalada no personagem de mesmo nome, que serve com devoção no templo de Apolo, em Delfos, ignorando que este é seu pai e o gerou num ato de violência.
Este quarto volume do Teatro completo de Eurípides reafirma a incrível capacidade do dramaturgo grego de trazer à luz, com sutileza e precisão, os múltiplos movimentos da alma humana.
Partida, de Inez Viana
Partida é o segundo texto para o teatro da atriz, diretora teatral e dramaturga Inez Viana, autora de A última peça (2018). Em cena, duas artistas conversam sobre a peça que pretendem criar. A inspiração é uma carta, encontrada depois de 30 anos, escrita pela mãe de uma das personagens, na qual ela termina um relacionamento após assistir, em 1999, ao espetáculo Partido, adaptação do livro O visconde partido ao meio, de Italo Calvino, pelo Grupo Galpão.
Permeada por marcos de tempos múltiplos, do país e do mundo, Partida investiga com humor e graça o poder da arte e do teatro na vida de cada um.
“O moto-contínuo da arte nos surpreende sempre. O poder da arte de germinar em alguém e brotar transmutada em outra semente. ‘Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.’ Eu diria que essa beleza alquímica expressa por Lavoisier faz parte da essência do teatro. [...] Uma mulher se moveu após assistir o Galpão e uma carta estava movendo três mulheres artistas a um processo criativo”, Inês Peixoto.
O que aconteceu após Nora deixar a Casa de Bonecas ou Pilares da Sociedade, de Angélica Neri
O que aconteceu após Nora deixar a Casa de Bonecas ou Pilares das Sociedades, peça escrita em 1979 pela romancista, ensaísta e dramaturga austríaca, vencedora do Nobel de literatura, Elfriede Jelinek, começa exatamente no ponto em que termina Casa de Bonecas, escrita pelo norueguês Henrik Ibsen cem anos antes. Protagonista de ambas as peças, Nora aparece em Ibsen como uma figura feminina aparentemente bem enquadrada na sociedade patriarcal e que, no entanto, se liberta pouco a pouco de sua condição submissa, deixando a casa onde morava e abandonando marido e filhos. Já a peça de Jelinek tem início no momento em que Nora inicia sua trajetória como mulher emancipada, mas nem por isso livre das estruturas de dominação que a assujeitam, seja em virtude de sua condição de operária de fábrica, seja em seu novo casamento com o Cônsul Weygang – empresário avarento e calculista que a autora foi buscar entre os personagens de outra peça de Ibsen, Pilares da Sociedade –, seja ainda pelas pressões econômicas que a desafiam continuamente em sua busca pela realização pessoal.
O argumento desta obra, concebida como um drama secundário, nasce de um interesse que sempre moveu a atividade criadora de Elfriede Jelinek: resgatar figuras femininas, reais ou literárias, como forma de tematizar questões sociais profundas e complexas.
Sortilégio, de Abdias Nascimento
Incrível a atualidade dos textos de Abdias Nascimento. A cada vez que nos deparamos com um, salta aos olhos o frescor, a pertinência e a contundência de sua prosa, de seus diálogos, de sua força, de sua capacidade como orador.
Sortilégio revela a sorte do povo negro sob a mortalha da democracia racial. Ao contar a história de Emanuel, negro e doutor, a peça traça a biografia de milhões. Seu drama, este drama, é nossa tragédia. Mesmo censurada, difamada e polêmica, Sortilégio tornou-se, logo na estreia, um dos principais marcos do moderno teatro brasileiro: por seu texto inovador, pela plasticidade de sua encenação – as ilustrações deste livro o provam –, pelo olhar crítico e contundente sobre a nossa realidade, pela importância social da presença negra em cena, física e espiritualmente.
Feitiço catártico, a religiosidade de matriz africana se apresenta não como mera reprodução pitoresca, mas como poderosa simbiose entre forma e caráter. Nesse sentido, os pontos dos orixás, por exemplo, lhe dão ritmo e integridade sígnica e estilística. Exu abre os caminhos…
Coleção Trilogia para a vida da Ercolano
A coleção Trilogia para a vida traz uma série inovadora de três musicais originais brasileiros que exploram a complexa jornada do vírus HIV por meio de histórias emocionantes. Compõem a trilogia: Lembro todo dia de você, Brenda Lee e o palácio das princesas e Codinome Daniel. As peças apresentam biografias de personagens fundamentais na luta pelo reconhecimento de direitos LGBTI+ como a travesti Brenda Lee, que foi pioneira na acolhida de travestis em situação de rua com HIV, e Herbert Daniel, importante ativista e militante gay que lutou contra o regime militar no Brasil. As edições contam com os textos completos e os livros dão acesso às respectivas partituras de cada musical, permitindo que os leitores conheçam também as músicas de cada espetáculo.
Lembro todo dia de você nos coloca dentro da vida de Thiago, um jovem que se descobre com HIV aos 20 anos. Para poder dar conta de sua nova condição e assimilar a convivência com o vírus, ele mergulha em um profundo acerto de contas consigo mesmo. Ao longo da trama, Thiago parte para uma busca interna de aceitação e compreensão, atravessando altos e baixos, desafiando preconceitos, estigmas e, acima de tudo, confrontando-se com a necessidade de se reconciliar com sua própria existência.
Brenda Lee e o palácio das princesas é o resgate de um dos personagens mais emblemáticos da noite paulistana dos anos 1980 e 1990: a ativista LGBTI+ Brenda Lee, reverenciada como “o anjo da guarda das travestis”. Durante a peça, somos conduzidos por uma trama envolvente que revela o cotidiano das mulheres acolhidas por Brenda em seu palácio que, diante dos desafios apresentados pela epidemia do HIV, se transformou na primeira casa de apoio no Brasil destinada às travestis com HIV.
Musical original brasileiro, Codinome Daniel nos conduz dentro do labirinto de memórias, desejos e sonhos do ativista Herbert Daniel (1946-1992): militante foragido do regime militar que veio a se tornar um dos maiores símbolos da luta contra o preconceito em relação às pessoas com HIV. Sua trajetória revela a luta pioneira de um homem gay que abriu mão de si para lutar por um país mais justo.
Savannah Bay, de Marguerite Duras
A narrativa de Savannah Bay se tece na relação amorosa entre as duas únicas personagens que aparecem no palco – Madalena, uma mulher que já atingiu “o esplendor da idade”, e uma Jovem, não nomeada; talvez sua neta. Como através de um espelho, essa relação se desdobra em uma outra trama amorosa, constituída a partir da já esparsa memória de Madalena, que se confunde com a imaginação. O elo entre as duas, que constantemente se apresenta como um reflexo no espelho, desencadeia outra história de amor, formada a partir das memórias fragmentadas de Madalena. Nesse jogo de espelhos, no qual pouco ou nada se revela com nitidez, Madalena também evoca, ou talvez até imagine, um passado quando atuava como atriz de teatro, repetidamente interpretando essa mesma história que agora ela e a Jovem tentam recriar no presente. Tanto na relação entre essas duas mulheres quanto nas outras conexões que se desdobram a partir desse núcleo, o amor está sob os holofotes.
Savannah Bay foi inicialmente escrita em 1982 e reescrita no ano seguinte, durante o processo de ensaios para a montagem no Théâtre du Rond-Point. Sua estreia ocorreu em 27 de setembro de 1983, sob direção da própria autora, com Bulle Ogier e Madeleine Renaud no elenco – a peça é uma homenagem a esta última. A trajetória desse texto teatral assemelha-se, assim, à de La Musica, que também foi reescrita pela autora durante a montagem, no mesmo Rond-Point e igualmente sob sua direção, dando origem a La Musica segunda. Com desfecho diferente da primeira, a segunda versão de Savannah Bay é mais condensada e indica uma divisão em três cenas, elemento antes ausente. Além disso, as linhas narrativas do texto de 1983 apresentam menos lacunas, o que, contudo, apenas atenua ligeiramente a natureza incompleta e aberta do enredo.
Teatro reunido, de Augusto Boal
Teatro reunido apresenta um conjunto de catorze peças — oito delas inéditas — assinadas exclusivamente por Augusto Boal (1931-2009), um dos maiores teatrólogos do século XX. Conhecido mundialmente por Teatro do Oprimido, foi ao escrever e encenar as próprias peças que Boal elaborou seus métodos inovadores. Entre a revolução estética promovida nos palcos brasileiros pelo Teatro de Arena, a prisão, o exílio e a consagração mundo afora, o autor sempre manteve sua apaixonada atividade em cena. Teatro reunido é a prova mais viva disso pois cobre meio século de uma carreira fora do comum.
Aqui estão as primeiras peças de um jovem dramaturgo, escritas no começo da década de 1950 para uma temporada em Nova York com John Gassner, mestre de Tennessee Williams e Arthur Miller, ou ainda para o Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento — esta uma faceta ainda pouco conhecida de Boal. O tempo do Arena é representado aqui por Revolução na América do Sul (1960), a primeira obra em nosso teatro a incorporar formalmente as lições de Bertolt Brecht, além de um conjunto de peças que buscaram reagir à repressão política após o golpe de 1964. Teatro reunido se fecha com O amigo oculto e A herança maldita, dupla em chave cômico-crítica à família burguesa, na qual um dramaturgo mais que tarimbado expressa suas inquietações diante das mudanças históricas em curso no início do século XXI.
Todo esse arco abrangente é analisado por Iná Camargo Costa em uma introdução escrita especialmente para este volume. Em uma seção complementar, documentos de época assinados pelo próprio autor convivem com textos críticos e depoimentos de Sábato Magaldi, Fernando Peixoto e Gianfrancesco Guarnieri.
A Morte e a Donzela, de Ariel Dorfman
A Morte e a Donzela, um clássico do teatro moderno escrito pelo chileno Ariel Dorfman, é um dos mais contundentes retratos do momento posterior às ditaduras militares da América Latina e suas feridas abertas por mortes e torturas cometidas pelos mecanismos de repressão. Em três atos eletrizantes, narra o encontro entre Paulina, que havia sido torturada e repetidamente estuprada na prisão, com um de seus algozes, o médico que acompanhava e participava das sevícias. Entre os dois está o marido, advogado de direitos humanos que acaba de ser nomeado para integrar a comissão governamental de investigação dos crimes da ditadura chilena.
O pano de fundo é a redemocratização do Chile e a tímida reconstrução histórica do período anterior. Naquele momento, após a eleição do presidente civil Patricio Aylwin, em 1990, Pinochet se mantinha no comando das Forças Armadas, e a elite econômica continuava sendo a mesma que colaborara com a ditadura. As investigações sobre os abusos contra os direitos humanos se encontravam, portanto, dentro de limites estreitos: restringiam-se basicamente aos mortos pela repressão, deixando de lado os que sobreviveram, com profundas cicatrizes físicas e psicológicas, como as deixadas em Paulina.
É essa a discussão que se estabelece entre ela e o marido, enquanto o médico, em situação de completa vulnerabilidade, aguarda seu destino ser decidido pelas mãos da antiga vítima. Instala-se um julgamento diante da plateia, levada por Dorfman a se posicionar. Ainda que o autor, com isso, tenha escolhido, em termos dramáticos, tomar distância estratégica dos acontecimentos, ele descreve no posfácio a reticência com que o espetáculo foi recebido num país politicamente fraturado – reação que só começou a mudar quando a peça se tornou um êxito internacional. Escrita em 1990, ano da difícil redemocratização chilena, A Morte e a Donzela é a primeira parte de uma trilogia composta ainda pela peça Leitor, adaptada de um conto de sua autoria, e o romance Viúvas, depois levada ao teatro em parceria com Tony Kushner.
Veraneio, de Leonardo Cortez
“Veraneio, uma casa à beira da praia, uma família classe média que se reencontra após dois anos sem se ver por conta do COVID-19. Aniversário da matriarca Laura, e também momento que ela considera perfeito para apresentar aos filhos, nora e netos, Rubinho, seu novo namorado. Um mote inicial perfeitamente comum e corriqueiro, não fosse escrito por Leonardo Cortez, dramaturgo cuja predileção é tirar o pó de debaixo do tapete das famílias e suas picuinhas tão insignificantes quanto gigantescas por levarem consigo os traumas, mal-entendidos e recalques de todos nós. O que não foi dito, o que foi dito em demasia, o que ficou sem ser dito, a última briga do Natal passado por conta de um iogurte, a falta do pai, o excesso da mãe, as culpas e transgressões. E aquela a que tudo isso se dirige: a mãe.
Não uma mãe qualquer, arquetípica, edulcorada, a mãe de hoje em dia, ano 2023, século XXI, aquela que é também mulher, namorada, amante. E que sabe medir até mesmo a culpa que lhe cabe, e a que não lhe cabe. E que a essa altura da vida, já com os filhos criados, tem a certeza de ter feito o que pôde, o que conseguiu, o que deu. E carrega a vontade de viver a velhice em sua plenitude, ter o que não teve ao lado do pai de seus filhos, um homem calado, com quem dividiu um apartamento frio e escuro por trinta anos. Sentimento que vem forte principalmente depois de um quase fim de mundo que foi a pandemia de COVID-19. Viúva, mãe de três filhos, no início da pandemia ela se isola na casa nova de praia da filha bem-sucedida da família, Hercília Lima, a coach televisiva que acaba de estrear um programa novo (que de novo não tem nada), e ao qual ninguém da família assistiu. Hercília, que é “acusada” durante toda a narrativa de ser rica.
“Você é rica, Hercília!”. O que poderia ser apenas uma blague do texto, traz embutido um certo aspecto sociológico, segundo o qual em toda família classe média parece haver um acordo tácito: aqui ninguém será bem-sucedido e algumas vezes por ano vamos nos encontrar para chorar nossas mágoas e reiterar que nosso fracasso é culpa da família, esse outro de nós mesmos.
Porém, na peça de Leonardo nada é o que parece ser, e como na clássica tradição da boa comédia, os mal-entendidos e as revelações vão se desdobrando ao longo da narrativa, e a plateia em um exercício bem-vindo de inteligência e distanciamento crítico, tem que refazer rapidamente suas expectativas dramáticas e o que havia entendido até ali. “Ah! Então não era isso que eu esperava, é outra coisa”. Rubinho já entra sendo essa outra coisa desde o início, outra classe social, outra idade, outra forma de ver o mundo. Um outro estranho no ninho de uma família classe média que até esse dia foi pródiga em ocultar por baixo das boas maneiras dos cidadãos de bem, tudo o que não fosse de bom tom trazer a público.
Leonardo não fala apenas dessa família quando fala dessa família, fala também das nossas mazelas políticas, da violência galopante, da histeria coletiva, da falta de empatia, da falta de solidariedade, e da decorrente violência que cresce de maneira assustadora em nossos dias. Qual a parte que nos cabe nesse cenário que vivemos? Ou será que é tudo culpa da nossa mãe? Ou do nosso vizinho violento? Ou do Rubinho, esse cara esquisito que entrou na nossa família recentemente? Talvez não sejamos mesmo capazes de responder a essas perguntas, mas se como dizia Lacan: “o inconsciente se estrutura enquanto linguagem”, essa peça já nos ajuda a elaborá-las, e entre risadas e surpresas é bem mais do que costumamos trazer para casa depois de um veraneio à beira mar.” — Paula Autran
Chegando ao fim, reforçamos nosso convite: esta quarta-feira, o Leonardo Cortez, autor da pela, e a Paula Autran, que escreveu o texto que vocês acabaram de ler, estarão na livraria conversando sobre o livro Veraneio sobre todas as coisas da dramaturgia. Até lá!
Boas leituras!
parabéns !